Nos últimos seis anos, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), principal instituição formadora de educação profissional da América Latina, investiu cerca de R$ 3 bilhões em tecnologia e inovação em suas cerca de 1.000 unidades distribuídas em 1.600 municípios. Somam-se a este valor as doações de equipamentos oriundas das indústrias associadas, que veem o Senai como o principal polo gerador de mão de obra especializada.
"Cerca de 95% dos trabalhadores de áreas técnicas na indústria vieram do Senai. O uso de novas tecnologias no ensino melhora o processo de aprendizagem do aluno, agiliza a experiência adaptativa e permite ao professor saber se o estudante está ou não assimilando o conteúdo", afirma Rafael Lucchesi, diretor geral do Senai.
Desenvolvido pela área de inteligência do Senai, um aplicativo de realidade aumentada (RA) permite ao aluno, por meio do smartphone, acessar simuladores e projetar vídeos e objetos em 3D. O material está presente em 17 cursos técnicos, em especial nos de automação industrial, eletroeletrônica, manutenção automotiva e edificações. Desde o seu lançamento, em 2014, teve mais de 69 mil downloads.
No setor têxtil, mais exatamente na área de moda, a instituição criou uma planta didática de confecção 4.0, com máquinas conectadas. Com esse recurso, é possível simular o processo de compra de uma peça, na qual o consumidor se coloca diante de um espelho virtual, que identifica as medidas do corpo, auxiliado por um robô colaborativo, que mede a rigidez muscular do cliente. Por fim, a peça é desenhada e levada para a mesa de corte, que executa o serviço com ajuda de câmeras, evitando o desperdício de material. Segundo Lucchesi, 85% dos cursos mais demandados pelo setor industrial contam com tecnologias de ponta.
Além do Senai, as tecnologias 4.0 estão presentes nas Fatecs e Etecs – faculdades e escolas de ensino médio de tecnologia no Estado de São Paulo. Com três cursos de tecnologia presencial, a Fatec de Santo André, na Grande São Paulo, firmou parceria com a gigante ABB para aplicação em sala de aula do software de robótica Robot Studio, que permite executar simulações do ambiente fabril com programas de robôs reais, retratando um cenário idêntico ao de uma fábrica.
Segundo Murilo Zanini de Carvalho, professor de tecnologia em mecatrônica industrial da instituição, cerca de 95% dos alunos formados conseguem rápida colocação no mercado de trabalho. "O foco dos nossos cursos é atender a demanda da indústria."
Segundo Nelson Kumagai, gerente de aplicação de robótica da ABB, o produto utilizado pelos alunos da Fatec é o mesmo vendido às principais indústrias automotivas, como Ford, BMW e Scania. "Empresas que capacitam melhor os funcionários minimizam os riscos de acidentes em tarefas repetitivas e dão mais satisfação em ergonomia", afirma. A Fatec mantém ainda parcerias com a Voolt3d (impressora e modelagem em 3D) e com a NTU, de aplicações de robótica em nuvem.
No campo corporativo, os treinamentos inovadores incluem games que simulam situações da vida real. Há 10 anos aplicando técnicas em grandes empresas, a Sputnik desenvolve soluções customizadas às empresas dispostas a se integrarem ao mundo digital. "Tecnologias emergentes facilitam a vida do aluno em um processo de capacitação, tornando-a mais divertida", diz Mari Achutti, sócia da Sputnik.
