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Imprensa
Grandes mineradoras devem começar a demitir neste ano
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
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Com a queda acentuada dos preços das commodities minerais no mercado global, a expectativa é que empresas brasileiras façam ajustes ainda em 2015
São Paulo – Com os preços das commodities minerais em baixa, pequenas e médias mineradoras já vinham em um movimento de ajustes do quadro de funcionários. Mas com a perspectiva de manutenção do cenário, agora as grandes também devem começar a demitir.
"Em ciclos difíceis como o atual, é natural que as mineradoras ajustem o quadro de funcionários. Ainda neste ano devemos ter demissões nas grandes empresas", afirma o consultor técnico da área, Juarez Fontana.
Para uma fonte da cadeia, que prefere não se identificar, muitas demissões já ocorreram no setor e o movimento deve se intensificar ainda no primeiro semestre do ano também nas grandes mineradoras (majors).
"Muitas dispensas ainda vão ocorrer. As majors têm segurado as demissões ao máximo, mas como possuem bastante gordura para queimar, não vão conseguir segurar por muito mais tempo", afirmou a fonte.
Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), as mineradoras empregam diretamente mais de 170 mil pessoas e, para cada trabalhador, há mais 13 empregos gerados ao longo da cadeia.
No entanto, com a desaceleração da demanda chinesa, responsável por mais de 50% dos embarques brasileiros, a indústria mineral entrou em um período preocupante.
"A atividade mineral é a protagonista das exportações brasileiras e não há como as mineradoras não sentirem o impacto da desaceleração chinesa", explica Fontana. "O crescimento da China como vinha ocorrendo é insustentável", complementa o consultor.
O mercado global viu a cotação do minério de ferro (equivalente a 80% da produção total da commodity no Brasil) recuar mais da metade em pouco mais de um ano.
"As grandes mineradoras terão suas margens reduzidas sensivelmente e não vejo mudança no quadro por pelo menos dois anos", avalia Fontana.
O consultor afirma ainda que, com a perspectiva de racionamento de energia, o quadro ficará ainda mais crítico para o setor. "Isso terá um desdobramento significativo na cadeia", complementa.
Impasse do código
O novo código de mineração continua emperrado no Congresso. No entanto, fontes do mercado dão conta de que o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (tido como braço direito da presidente Dilma Rousseff), estaria disposto a deixar de lado a questão do aumento da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) (ou royalty da mineração) neste difícil momento vivido pelo setor.
Minas, juntamente com o Pará, é o maior arrecadador de CFEM do País. Mas diante do cenário de derretimento dos preços globais, um aumento de royalties viria para desfalecer de vez a evolução do setor. A "briga" não valeria a pena.
"Seria um grande erro mexer na CFEM neste momento. Afundaria ainda mais o setor", analisa Fontana.
Para o advogado especializado em mineração, Bruno Feigelson, a demora na aprovação do novo marco impactou sensivelmente a extração mineral brasileira. "Se o País tivesse garantido segurança jurídica e incentivado o setor nos tempos de bonança, já teríamos captado mais recursos para a atividade e não estaríamos sofrendo tanto", avalia.
A expectativa que paira sobre o setor é de que, mais uma vez, o texto do código não seja aprovado neste ano.
"A indústria mineral está muito abatida em razão do cenário global. Acho difícil analisarem o marco no momento, ainda mais que o governo está concentrado na questão da energia", pondera Feigelson.
Para Fontana, falta transparência no processo todo. "Não há sinalização alguma do que vai acontecer com o marco. Repete-se o mesmo erro: mais uma vez o código está sendo discutido a portas fechadas", pontua o consultor.