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GT entrega à Dra Rosa Cardoso relatório sobre perseguição aos trabalhadores
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
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Representantes das Centrais Sindicais que compõe o Grupo de Trabalho “Ditadura e repressão aos trabalhadores, às trabalhadoras e ao movimento sindical” da Comissão Nacional da Verdade entregaram formalmente nesta segunda-feira (08/12) à Dra Rosa Cardoso, coordenadora do grupo, o relatório sobre a perseguição à classe trabalhadora durante o período do regime civil-militar. A atividade aconteceu na sede do Sindicato dos Engenheiros em São Paulo (SP).
O relatório do GT dos Trabalhadores reuniu uma série de documentação e testemunhos que comprovam a colaboração de empresários e empresas não só com o golpe, mas na repressão e montagem de sistema de vigilância dos funcionários. Algumas empresas tiveram especial participação no sistema repressivo e serão convocadas. As audiências públicas serão realizadas pelas Comissões Municipais e Estaduais da Verdade que continuam a funcionar embora a CNV tenha concluído seus trabalhos.
Representantes das Centrais Sindicais. Na mesa, Luiz Carlos Prates, o Mancha – CSP/Conlutas; Nailton Francisco de Souza – NCST; Antonio Cordeiro – Intersindical/Central; Adriano Diogo – Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”; Sebastião Neto – Secretaria Executiva do GT dos Trabalhadores; Dra Rosa Cardoso; Expedito Solaney – CUT; Wagner Gomes – CTB; João Carlos Gonçalves, o Juruna – Força Sindical; Álvaro Egea – CSB. Foto: Roberto Parizotti
Dra Rosa apresentou aos participantes da atividade os pontos de maior destaque do documento que a CNV entregará oficialmente à presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira (10/12), em Brasília.
Entre os pontos destacados do relatório estão: 1) que os trabalhadores e seu movimento sindical constituíram o alvo primordial do golpe de Estado de 1964, das ações antecedentes dos golpistas e da ditadura a seguir imposta; 2) o Golpe de 1964 e a ditadura subsequente decorreram de uma aliança civil-militar embasada em um projeto comum e numa ação articulada; 3) A ditadura de 1964 criou um novo regime fabril; 4) A articulação público-privada constituída no âmbito da ditadura de 1964 ampliou significativamente as formas de violência e repressão praticadas contra os trabalhadores; 5) Na ditadura de 1964 empresas estatais tornaram-se laboratórios de monitoramento e repressão; 6) Durante a ditadura de 1964 alterou-se a legislação econômica e trabalhista para viabilizar a superexploração dos trabalhadores e mais rápida concentração de capital; 7) Na esteira das violações de direitos mencionadas ocorreram as graves violações de direitos dos trabalhadores: prisões ilegais e arbitrárias, tortura, assassinatos, desaparecimento forçado, ocultação de cadáver; 8) A classe trabalhadora foi vítima de torturas que resultaram em sequelas físicas e psicológicas insuperáveis; e 9) Tem-se notícia de muitas mortes e desaparecimentos Forçados de trabalhadores mas os números continuam inconclusivos.
Participaram da atividade, o deputado Estadual Adriano Diogo, presidente da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”; Sebastião Neto, da Secretaria Executiva do GT dos Trabalhadores; Álvaro Egea, representando a CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros); Luiz Carlos Prates, o Mancha, representando a CSP/Conlutas (Central Sindical e Popular); Wagner Gomes, representando a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Expedito Solaney, representando a CUT (Central Única dos Trabalhadores); João Carlos Gonçalves, o Juruna, representando a Força Sindical; Antonio Cordeiro, representando a Intersindical/Central, e Nailton Francisco de Souza, representando a NCST (Nova Central dos Sindical de Trabalhadores).
Também foi apresentado e divulgado à todos os participantes da atividade as RECOMENDAÇÕES elaboradas pelo grupo e entregues à Comissão. Foi aberto um diálogo com o Ministério Público, em nome da Procuradora Regional da República e Presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos, Dra Eugênia Gonzaga, para encaminhamento de providências sobre as violações contra os trabalhadores e trabalhadoras.
Entre os pedidos do grupo está a extinção da Lei de Segurança Nacional, o fim das práticas anti-sindicais, e a punição aos torturadores e empresas que financiaram o golpe e a repressão.
O Ato Sindical Unitário encerrou os trabalhos do GT, que funcionou como um Coletivo Sindical com a presença das 10 Centrais Sindicais, entidades, associações, centros de memória dos trabalhadores, e organizações de trabalhadores ex-presos políticos e foi coordenado pela Dra Rosa.
Como símbolos de resistência e luta foram homenageados os dirigentes do CGT – Comando Geral dos Trabalhadores em 1964, Raphael Martinelli, Comandante Paulo de Mello Bastos (que não pôde comparecer, mas gravou um vídeo para a atividade), Clodesmidt Riani, além de Alcídio Boano, presidente do Sindicato dos Condutores de São Paulo, que teve seu mandato cassado, foi preso e torturado no Doi-Codi em 1975.
Roberto Parizotti
Juntos, os remanescentes do CGT-1964 e os representantes das Centrais Sindicais, atuais assinaram um requerimento ao Ministério do Trabalho e Emprego para que seja feito o levantamento das intervenções nos sindicatos entre os anos de 1946 a 1988, que correspondem ao período coberto pela Comissão Nacional da Verdade. Quem recebeu o documento, representando o Ministério, foi Manoel Messias, Secretário de Relações do Trabalho.
O encontro com os atuais dirigentes sindicais simboliza não apenas a unidade de todas as forças organizadas exigindo REPARAÇÃO e JUSTIÇA, mas também o reconhecimento aos que lutaram antes de nós.
GT DOS TRABALHADORES DA CNV
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