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Imprensa
Renault corta produção à Argentina
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
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Desde abril, a Renault não dedica mais produção para a Argentina na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná. No Brasil, onde está seu segundo maior mercado no mundo, a marca ainda consegue ganhar espaço em meio à crise da indústria automobilística porque perde menos venda do que a concorrência. As exportações, porém, caem 57% neste ano, sobretudo por conta da crise no país vizinho, para onde a Renault costumava reservar um quarto do que produzia no parque industrial paranaense.
As dificuldades na Argentina, além de um mercado em queda livre – com recuo no comércio não de veículos da ordem de 36% neste ano -, incluem a falta de dólares para pagamento de importações, motivo que já tinha levado a General Motors (GM) a suspender temporariamente os embarques de automóveis ao país governado por Cristina Kirchner.
Em 2012, a Renault chegou a ser a terceira maior exportadora do setor, atrás apenas de Volkswagen e GM, mas agora caminha para fechar 2014 com o pior resultado nas exportações em seis anos. De janeiro a novembro, os embarques somaram 24,2 mil veículos, bem longe das pouco mais de 63 mil unidades – sua marca recorde – de todo o ano passado.
A crise argentina atingiu a Renault um ano após a montadora concluir investimentos que ampliaram em 100 mil automóveis a capacidade de produção em São José dos Pinhais. Com as linhas mais ociosas, a marca encerrou em julho o terceiro turno de produção da fábrica, que fecha este ano com 500 vagas de trabalho a menos do que em 2013, uma vez que a companhia não renovou contratos temporários. Hoje, a unidade emprega cerca de 6 mil pessoas.
Adicionalmente, a Renault deu férias coletivas em junho e outubro. E a partir de amanhã, os setores de produção de carros de passeio e utilitários leves voltam a parar por mais três semanas, em virtude do recesso de fim de ano. "O que me penalizou neste ano não foi o volume do Brasil, mas sim o volume do mercado externo", diz o presidente da montadora no país, Olivier Murguet.
Já há três anos a filial brasileira, por falta de competitividade, não exporta mais o utilitário esportivo Duster ao México, agora abastecido pela fábrica da marca na Colômbia. Hoje, além da Argentina, onde aguarda uma reação do mercado para retomar as exportações, a Renault embarca alguns poucos volumes do furgão Master para outros países da América do Sul, como Peru e Equador.
Diferentemente da direção da Fiat, que anunciou na última semana a retomada das exportações ao México, Murguet não demonstra muito otimismo com a possibilidade de a desvalorização cambial abrir mercados externos a montadoras brasileiras, por dar maior competitividade ao produto nacional. Ele lembra que, desde estudos sobre potencial e características desses mercados até a adaptação dos automóveis, colocar um veículo no exterior é um caminho longo. Tomar uma decisão dessa com base apenas na cotação do dólar, sujeitando-se aos riscos da oscilação cambial, seria como, em suas palavras, jogar "roleta russa". "O caminho para exportar é reduzir os custos", afirmou Murguet ao Valor.
Se as coisas não vão bem no comércio exterior, a montadora, por outro lado, conseguiu aumentar de 6,5% para 7% sua participação de mercado no Brasil, onde é a sexta marca mais vendida. Isso porque a queda nos emplacamentos da Renault, de 1,5%, é bem menor do que o recuo de 8% registrado pela indústria.
Para 2015, Murguet ainda vê tendência de nova queda do mercado, com produção das montadoras reduzida no primeiro semestre. No momento, um dos focos da marca é catalisar as sinergias com a aliada Nissan no Brasil, motivo pelo qual unificou neste ano os departamentos de compras das duas marcas. "Essa é a nossa resposta para combater o aumento de custos", diz o executivo.